Tenho tendência a esquecer-me que as pessoas fora do nosso sistema não sabem todas as nossas piadas internas. A Saoirse e eu, em especial, passamos um mau bocado. Por exemplo, a Saoirse encontrou esta imagem e enviou-ma há cerca de um ano. Desde então, tenho chateado a Saoirse por causa da música de sacrifício de cabras....
Mas Saoirse é uma boa desportista, pois durante meses coloquei notas em sítios que faziam referência à cena do Shining "All work and no play makes Jack a dull boy". A Saoirse é viciada em trabalho e é a mais não-binária de nós em termos de género... Por isso, as mensagens "All Work and No Play Make Saoirse a Dull?" e variantes apareciam como texto de proteção de ecrã, ou em e-mails (sim, enviamos e-mails uma à outra), ou em pedaços de papel escondidos dentro de livros técnicos.... Tenho a certeza de que ainda há algumas à espera de serem descobertas.
Depois, damos alcunhas a quase toda a gente na nossa vida. Isto porque, de um modo geral, somos péssimos com os nomes das pessoas. Em parte, porque somos péssimos a lembrarmo-nos deles, mas em parte porque quando este corpo foi apresentado à Pessoa Nova Aleatória, é provável que nem todos os membros do Circo estivessem presentes. Por isso, até que todos recebam o memorando, é dada uma alcunha. Todos os membros deste sistema saberão o nome atual dos nossos terapeutas? Não necessariamente. Mas se mencionarmos o Guru da Terapia, toda a gente (lá dentro) sabe de quem estamos a falar. Não sei porque é que funciona assim, mas funciona.
Claro que as alcunhas não são só para os forasteiros. Recentemente, publiquei um post sobre Tso - The Silent One (O Silencioso). O nome de Tso ficou assim porque tínhamos uma alter que não falava e não podia dizer-nos o seu nome. Por isso, sim, ela ganhou uma alcunha, há mais de 25 anos, e ficou.
Claro que, quando o conhecermos melhor, provavelmente usaremos menos a alcunha interna. Na maior parte das vezes, penso no Ian como Ian, em vez de Flauta Mágica (é um amigo com quem jogamos Magic the Gathering e que também toca flauta). Mas sim, se nos conheces, provavelmente tens uma alcunha.
Outra coisa que é divertida em estar co-consciente com alguém é poder dizer piadas a partir do lugar do passageiro e tentar fazê-la rir ou gemer. Imagine que está numa reunião super séria, mas aborrecida, e tem alguém no seu espaço mental a jogar bingo de palavras-chave. Nem sempre é desagradável sermos cúmplices. De facto, também nos encorajamos uns aos outros. Eu pego nos meus pompons internos e soletro coisas ao acaso, por vezes palavrões ou frases, dependendo da situação. ("Dá-me um O"...)
Sei que todos nós gostamos de vir ao blogue e desabafar sobre a forma como as coisas são, por vezes, más, ou sobre as nossas frustrações uns com os outros. A verdade é que, na maioria das vezes, damo-nos bem e, por vezes, até gostamos da companhia uns dos outros. Embora eu saiba que algumas partes preferem voar sozinhas, gosto de estar em contacto com outras partes durante o meu dia. São os meus "companheiros de cabeça", que são como companheiros de quarto num pacote um pouco mais condensado.
"Viver em estéreo, está tudo bem. Bem, eu posso ser o meu melhor amigo e posso mandar-me buscar pizza, é o que eu digo: Acho que sou um clone agora..." - Weird Al Yankovic, I Think I'm a Clone Now
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